domingo, 28 de junho de 2009

riso de canto de boca.

era noite.
saí com as velhas botas de combate e com algo de diferente nos olhos: era a o resto da minha esperança se vendendo por algum copo fundo e algum cigarro forte, que me desse ânsia de seguir em frente. o batom, o cabelo mais comprido, as intenções e as companhias eram a mesma. o lugar nem tanto, estava transformado, havia mais intenções sobrevoando o ar do que eu poderia imaginar.
chegando lá, espalhamos alguns copos pela mesa e tratamos de enchê-los de ar, enquanto as almas ficavam leves, à medida que chegavam novos rostos com conversas diferentes. até que chegou um e sentou-se do meu lado. apresentou-se e me deu dois beijos no rosto. a simpatia dele não me era estranha e em questão de pouco tempo, estavamos trocando risos. muitos risos.
a conversa olho no olho, a identificação era total. os mesmos risos eram derivados dos mesmos gostos. ele gostava de estrago, gostava de sorrir enquanto misturavamos a mesma saliva na lata de cerveja e no cigarro forte. dividimos idéias, ele me fez prometer que iriamos nos encontrar em breve e ainda me prometeu que iriamos morar juntos no Copan. antes de sair da mesa, perguntou repetidamente se ainda estaríamos lá e só foi porque a música o chamava.
quando a garoa apareceu na noite, dando ao céu um colorido ácido - as gotas me disseram que ele era aquele que eu poderia matar com as minhas próprias mãos. era ele que reinava onde eu vivi por muito tempo.
as gotas me contaram que o moço dos olhos negros, que tinha muito em comum, era mais uma peça que a vida me pregava. e estando supresa com o rumo que as coisas tinham tomado, eu apenas sorri enquanto me equilibrava ao andar na velha linha do extinto bonde - na rua cheia de ironias.

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